06 — quem foi é

mari
2 min readMay 21, 2022

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Tem alguns marcos em nossa história que sempre voltamos para checar… Não sei bem o quê, mas voltamos para checar. É isso que estou fazendo, voltando sem voltar em busca de uma confirmação, bem, de mim. Mudei tanto nesses últimos anos que voltei a ser exatamente quem sempre fui, mas me faltava essa certeza de que sim o tempo passou e eu também junto com ele passo. Reencontro lugares, pessoas e memórias para me lembrar que tudo isso sempre esteve ali. Não, não estou sozinha, só saí de casa.

Me surpreende como aqui o tempo parece não passar, algo que quando mais nova sempre me incomodou, mas hoje acho incrível. É como se as memórias que aqui foram vividas para sempre permanecessem vivas apesar do que aconteça, de quem saia e de quem entre, do quanto se destrua e reconstrua. Compartilhamos momentos que nos definiram e, por mais que mudemos, continuamos definidos pelos momentos que compartilhamos. As pessoas tendem a voltar e se reencontrar e sempre me senti por fora por perder esses momentos, mas na verdade a solidez já foi solidificada e mesmo que eu nunca mais volte para sempre volto em minhas memórias, só isso já me basta.

A saudade que se sente é de quem fomos, mas se somos o melhor do que já fomos não precisamos uns dos outros para relembrar. Foi aqui que aprendi que amizade é família e que família é quem uma vez sendo para sempre vai ser. Não precisa de confirmação nem de frequência, não precisa na verdade nem de contato, sabemos que estão ali, quando deixam de estar e quando voltam. Como se os laços fossem cordas que temos amarradas em nossos corações, cordas que esticam indefinidamente e fazem tanta parte de nós que esquecemos que estão ali, mas as sentimos e sempre que precisamos podemos dar uma puxadinha que será recebida do outro lado e respondida com uma igual. Assim seguimos nos comunicando por cordinhas invisíveis sabendo uns dos outros sem precisar se comunicar.

Me acostumei com um tipo diferente de contato e esqueci que existe gente que como eu não precisa do contato, mas que são sempre muito mais presentes do que quaisquer outras pessoas que estejam ali. Reencontro meu passado e reencontro quem fui, lembrando que nunca fui para lugar algum e, assim, posso ir para qualquer lugar.

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