102 | ?!

mari
2 min readDec 18, 2022

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Que tal prestar mais atenção nas coisas que você tá entendendo do que nas que ainda não entendeu?

QUE? Absurdo. Como assim? Como é que eu posso sequer cogitar elaborar um pensamento de volta — muito menos externalizar — sem que eu esteja entendendo totalmente a situação? Absurdo. Entendo, faz sentido, explodiu minha mente, concordo inclusive… Mas que absurdo!

Dois dias se tornaram um e misturo tudo. Ou será que que foi um dia só que se estendeu por dois? Talvez três? Quantos dias tem um dia? E se medíssemos o tempo por eixo temático ao invés de cronologicamente? Com certeza seria uma bagunça, mas sei lá, acho que seria muito mais fácil perceber o quanto e como estou vivendo se eu contasse versões de mim ao invés de horas.

Talvez no contra-tempo... Imagine uma linha do tempo normal, padrão, ano após ano, mês após mês, dia após dia, minuto após minuto. Nessa linha tudo é medido, mas entre traços igualmente espaçados acrescentamos bolinhas coloridas, as bolhas dos tempos em que saímos do tempo, em que ele deixa de importar, as bolhas onde horas viram anos e anos se tornam dias, que são impossíveis de calcular e é por isso que precisam existir.

Tem dias que comportam tanta coisa dentro deles que não sei nem por onde começar e por isso não tento. Tem cenas que ficam na memória sem serem datadas, sem referência bibliográfica, que poderiam nem ter acontecido não fosse o que se sentiu mudar dentro de si.

Tem momentos que merecem ser vividos sem serem registrados, assim eles se mantêm intactos no mesmo espaço fora do tempo de onde nasceram e para onde sempre retornam, eternos em si mesmos e tão inúteis quanto essenciais.

Inverto meu pensamento e me faço perguntas a partir das respostas que já tenho. As perguntas que me faço já respondem o que eu evito perguntar.

17 de dezembro de 2022

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