Quando não tem o que fazer se faz o que se pode, que muitas vezes equivale a nada. Aceita-se a impotência e com ela a insignificância de tudo o que parecia urgente até pouco antes. Tudo é relativo quando se escolhe relativizar, não é mesmo?
Pouco importam nossas escolhas ao mesmo tempo que são elas que determinam tudo o que se sucede. Tudo o que está em movimento em minha vida hoje encontro o começo em uma escolha feita; tanto faz se minha ou de outrem, se já pareceram colossais no momento que foram feitas ou quase deixadas ao acaso, se levaram muito tempo para acontecer ou em um milésimo de segundo. Tanto faz. De pouco importam e tudo determinam.
A vida vai acontecendo enquanto a gente corre atrás do prejuízo que nem se sabe ao certo se realmente existe. A vida vai acontecendo e a gente aqui, vivendo do jeito que pode e do jeito que sabe viver.
Não sei ao certo se faço certo ou se escolho certo e a bem da verdade na maior parte das vezes nem sei se efetivamente escolho, o que também não deixa de ser uma escolha e também não acho que nesse caso caibam questões de certo ou errado. Mesmo assim me questiono se escolho certo.
Percebo o quanto o que escrevo — ou seja, o que penso — muda de acordo com o que vivo e consumo quando num dia como hoje em que acabei de ler um Machado de Assis venho aqui falando palavras feito outrem como se fizessem parte do meu vocabulário cotidiano. Não fazem, mas hoje fizeram e então não deixam de fazer.
Pois não é que o covid bateu na porta mais uma vez? Não abri e mesmo assim entrou. Ainda acho bizarro pensar no tanto que esse vírus mudou a vida que sempre vivemos ao mesmo tempo que não mudou absolutamente nada. Tudo segue exatamente igual como sempre seguiu, só que meio que de outro jeito?
21 de dezembro de 2022