115 | uma hora a gente tem que falar sobre

mari
3 min readDec 30, 2022

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Hoje escrevo pessimista porque algo me corrói. Me sinto ácida, cítrica, pungente e por mais que eu tente me engolir, não me desço de jeito nenhum.

Não gostei disso aí que eu escrevi, não gostei desse sentimento e não gostei desse tom na minha voz. Parei, levantei e fui resolver da melhor forma que consegui no momento. A melhor? Não sei, mas me sinto melhor.

Ontem o aplicativo de astrologia que uso disse pra assumir a parcela de responsabilidade que me cabe sobre a minha própria infelicidade e nesses últimos tempos tenho me visto muito infeliz sim por minha própria conta. Não sei quando foi que parei de me comunicar direito, mas sei que já tem um tempo que me sinto entalada e o maior problema quando isso acontece é que cada vez mais fica difícil chegar na origem do problema e na solução quando tudo o que se quer fazer é cuspir de qualquer jeito ou pior, continuar engolindo por medo de criar algum desconforto.

Conversando sobre não isso, mas mais ou menos isso, de certa forma isso, entre outros isso, nos deparamos com esses pequenos ou grandes atritos que se criam porque, afinal de contas, se relacionar é difícil pra caramba e ouvi que tudo mudou quando eu comecei a devolver o desconforto pra quem causou ele em mim. Tá vendo isso aqui que você me deu? É seu, toma de volta. Fiquei até sem saber o que responder direito e ainda agora tudo o que consigo pensar pra complementar é !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! — Insira aqui olhos arregalados, queixo caído e mão na testa.

Pois tive flashbacks da minha vida inteira e relações com família, amizades, parceiros e colegas e me vi sendo a maior babaca do mundo comigo mesma e consequentemente com todas essas pessoas porque no final das contas tudo o que eu faço é fugir da iniciativa de criar uma situação desagradável. Mas a partir do momento que se entende que a situação desagradável no caso já começou antes e você só chama atenção pra ela ao invés de apagar o fogo sozinha… Sei lá. É tão óbvio e ainda assim um tapão bem dado no meio da minha cara.

Penso em todas as pessoas com quem não tenho mais laços hoje em dia e que eu poderia muito bem ainda ter se simplesmente tivesse me dado ao trabalho de comunicar as minhas insatisfações enquanto elas ainda tinham um nome e endereço ao invés de amalgamar tudo em uma bolota só até que ela se torne tão pesada que eu me canso, largo pra trás e foda-se.

A típica passivo-agressiva, nada de novo sob o sol aqui, mas mesmo que eu já soubesse ainda me surpreendo com o quanto essa tendência me fode inteira, tanto na hora quanto pra vida. Sei que também isso não me veio de graça por todo o contexto social e familiar que — e minha mãe que vai ler isso aqui também sabe porque já conversamos sobre isso— cresci tendo esse padrão como exemplo.

Chega dessa merda, sabe? Tô meio emputecida hoje, meio sem saco e meio achando tudo muito cômico também, mas aproveitando esse movimento facilitado talvez pelo clima de fim de ano, talvez pelas mudanças bruscas na rotina ou talvez porque eu só tenha chegado no meu limite mesmo pra me botar em ordem e consequentemente amarrar todas as pontas que mantive soltas por pura covardia.

Novo ano, nova eu né? Que a mari do ano que vem preze mais por si.

28 de dezembro de 2022

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