130 | navegando em águas profundas

mari
2 min readJan 13, 2023

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Nos últimos meses eu desapareci da internet. Não posto nada, não vejo nada e nem as mensagens das pessoas mais próximas com quem eu quero conversar eu consigo responder direito. Exceto por aqui.

Pensei nisso enquanto fazia xixi e pensando nisso me lembrei que na minha revolução solar desse ano tenho Plutão no ascendente, o cara que mora no submundo e só vem à superfície com o capacete que o torna invisível. Entre vários outros astrologuêses que eu não vou mencionar aqui porque ficaria técnico demais, esse meu ano veio pra ser profundo e intenso mesmo e pensando em tudo isso me lembrei que a última coisa que eu postei no meu instagram foi justamente no meu aniversário.

Dentro desse ano eu também tatuei o peixe abissal que já vinha rondando meu inconsciente há um tempo e agora ele mora no meu braço pra me lembrar que por mais que eu ame uma boa praia, as águas nas quais eu navego em mim são as profundas, geladas e escuras do fundo do oceano. Lá embaixo ouço baleias e monstros que nunca vou enxergar, mesmo se eles vierem me engolir, e sinto a pressão da água esmagando meus ossos.

Não tem sido fácil, mas tem sido bom apesar de todos os apesares. Não sei se tudo isso começou também comigo começando a escrever tanto e trazendo à tona meus naufrágios há muito esquecidos ou se é por estar me afogando dentro de mim que me apeguei à escrita como bote salva-vidas. Talvez os dois.

No final das contas acho que estou fazendo o melhor que eu posso levando tudo isso em consideração. Esse texto é pra mim, por sinal, pro meu eu do futuro poder se lembrar desse momento e de tudo o que ele representa quando já estiver sã e salva depois de atravessar um oceano inteiro à braçadas.

O silêncio sempre foi meu amigo, mas o escuro não. Acho que esse é o ano de eu fazer do escuro meu amigo também e quem sabe até nele fazer pra mim uma bela casa.

12 de janeiro de 2023

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