15 — mergulhos para dentro de mim

mari
2 min readMay 30, 2022

--

Pulei um dia, ops. Tudo bem, precisei me dar um dia de descanso e com licença, conhecendo meu histórico, ainda durei bastante tempo. Todos os dias eu estava buscando as inspirações de fora para escrever aqui e ontem começou meu isolamento graças ao nosso querido corona. Eu, fechada em um quarto sozinha o dia inteiro. Não que isso seja problema pra mim, não senhor, se tem uma pessoa no mundo que sabe tirar proveito de um isolamento essa pessoa sou eu. Me entreguei para os meus processos internos e mergulhei no fundo do oceano.

A questão é que quando eu estou lá embaixo naquele lugar que nem luz chega, lá onde tem aquele bicho dentuço e feioso com a luzinha do Nemo e de lá mais para baixo ainda, quando eu estou lá no escuro fica difícil de enviar sinal pra superfície. Até porque para começar fica difícil de saber até onde é que fica essa tal de superfície. Gosto do meu escuro, de estar cercada de tanta água que ela transborda pelos meus olhos como cachoeiras, de sentir a imensidão de tudo ao meu redor enquanto só consigo sentir eu mesma, de abrir os olhos e não enxergar nada e de abrir a boca e gritar à plenos pulmões sem que nenhum som saia. Lá no fundo de mim ninguém pode me ouvir e eu não posso ouvir ninguém. É o único lugar onde realmente me escuto.

Sempre gostei de montanha-russa, sempre gostei de girar muito rápido e sempre gostei de chorar tão forte que sinto meu corpo inteiro se desfazer em pedaços. Chorar é o meu jeito de transmutar e viver meus processos para que eu saia do outro lado limpinha e cheirosa, de banho tomado. Sempre ao final ressurjo em mar aberto, na calmaria e tranquilidade do azul sem fim e de lá vou nadando até me encontrar de novo de pé descalço no chão, na superfície, no barulho, no movimento, aqui.

--

--