Nublada como o céu. Cinza. Inerte. Envolta pela vastidão gelada que esfria a ponta do nariz e também dos dedos sem que se sinta frio. Paralisada no ponto em que equilíbrio se torna queda pelo dedo que aperta o botão de pause. A tela congelada no momento exato entre. Sempre entre. Sempre no meio.
Qualquer segurança é ilusória, afirma a mente certa de si, não tem o que fazer. Mas eu não aguento mais doer, chora o coração querendo se fechar. Segurando os dois pela mão estou eu, sem expressão que chegue ao rosto. Olho para um lado e para o outro da rua antes de atravessar e caminho lentamente enquanto um lado filosofa e debate consigo mesmo e o outro esperneia querendo voltar para casa; às vezes eles brigam, às vezes eles concordam, às vezes mente limpa as lágrimas do coração, outras coração abraça a mente e interrompe seu incessante falatório.
Cada um com uma personalidade própria, eles aprendem a lidar com eles mesmos e interagem entre si, encontrando pontos de atrito e criando pontes. Independente do que dizem, fazem ou querem sigo eu, segurando com firmeza suas mãozinhas e olhando para os dois lados da rua antes de atravessar.
18 de fevereiro de 2023