171 | pra ir tem que ir, né?

mari
2 min readFeb 23, 2023

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Ai, como me dói pedir ajuda!

Meses atrás resolvi me aventurar sozinha e agora com ingressos e passagens compradas ainda me falta o lugar para ficar. Pegar um airbnb, é claro, foi o que eu pensei, mas no final das contas a conta fica cara e entre tantas possibilidades minha indecisão não consegue se decidir por nada nesse mundo.

Um dia inteiro sapateando pela casa e vasculhando entre mil abas que se abrem e se fecham e se acumulam no navegador sem chegar a conclusão nenhuma. Talvez tenha isso, talvez tenha aquilo, vou pegar esse aqui logo só pra garantir. Preencho tudo cinco vezes e nas cinco me paro na hora de confirmar. Mas será? Volto atrás e recomeço. Mais uma torrente de abas se abrem enquanto minhas mãos vão à testa que passa o dia inteiro doendo de tanto pensar.

Percebo como sempre tive alguém que resolvesse essas coisas por mim e foi exatamente por isso que dessa vez eu precisei ir mesmo que sozinha, se tiver companhia, ótimo, mas senão, bom, senão vou mesmo assim. Não quero ter que depender de ninguém para fazer o que eu quero, então preciso me virar, certo? Já fiz antes e sei que consigo, mas também sei que só descubro isso chegando lá e tendo que me virar. Provavelmente também depois de uma choradinha básica regada a desespero no banheiro. O básico.

A pose, meus amores, a pose é só uma pose. Levanto o queixo e finjo independência quando na verdade tudo o que eu mais quero é alguém que decida por mim e me coloque debaixo de suas asas. Só que uma vez nelas também me incomodo porque com asas alheias nem sempre vou para onde eu quero.

Tenho um péssimo senso de localização, sabe, e me distraio com facilidade. É aí que peço carona. Meu marte é em libra, no final das contas, e meus territórios se conquistam em parceria. Papo de cá, papo de lá, me faço uma boa companhia e quando vejo já cheguei onde eu queria.

Posso fazer tudo sozinha e sei que vai dar certo, apesar de que talvez não o faça da melhor forma e, nesse caso, fazer tudo sozinha vai me custar bem caro. Não quero incomodar ninguém, falo pela milésima vez. Mas não é um incômodo, eu amo receber gente aqui em casa, mesmo. Responde minha irmã calmamente enquanto me assiste espiralar.

É mesmo né, tem gente que gosta desse tipo de coisa. Tem gente que gosta de abrir espaço para outras gentes em suas vidas. Me pergunto se eu realmente sou uma pessoa solitária ou se sou só medrosa demais, se ainda não aprendi direito como funciona esse negócio de interagir. Penso nas experiências que tive tantos anos atrás e percebo que talvez um dia eu já soube, pelo menos um pouco, pelo menos o suficiente para ter hoje pessoas em vários lugares diferentes com quem não importa quanto tempo se passe eu sei que posso contar.

Mas logo depois me fecho em meu quarto de novo e entre quatro paredes esqueço que um dia voei.

22 de fevereiro de 2023

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