196 | labirinto

mari
2 min readMar 22, 2023

O corpo se move pela vida como se debaixo d'água, sempre lutando contra resistências invisíveis. Resistências essas diferentes para cada pessoinha dessas que veio parar por aqui junto com todes nós, ainda assim resistências. O objetivo é se fortalecer para conseguir atravessar com mais facilidade ou tentar eliminar o externo que te afeta? Acho que depende, acho que os dois, na prática muitas vezes nenhum. Nem sempre há algo a ser feito, nem sempre depende de nós e na maioria não. No meu caso, nesse caso em particular de que vos falo sem falar — como de costume — não é esse o caso.

A resistência é toda minha, colocada ali tijolo por tijolo ao longo desses meus poucos, muitos, depende-do-ponto-de-vista vinte e sete anos de vida. Nem todos foram colocados pelas minhas mãos, não, muitos deles foram jogados ali de qualquer jeito por quem nem se deu ao trabalho de ver o que fazia, alguns sem querer, outros intencionais, alguns foram rabiscados de tinta de alguma forma pelo lado de dentro deixando na minha vista mensagens entalhadas que não consigo mais desver.

Me escondo dentro do meu labirinto de muralhas já tão elaborados que nem eu mesma sei seus caminhos, me perco toda vez. A planta baixa foi extraviada em algum momento e agora só me resta fazer o mapeamento mental das direções a seguir. O problema é que sou ruim de localização e sem acesso a papel e caneta dependo da minha minúscula memória espacial para tentar chegar a algum lugar.

Ao longe sua voz me alcança e me norteia. Direita, esquerda, direita de novo, passa pela ponte, atravessa o buraco no arbusto, esquerda mais uma vez e te encontro. Agora eu te vejo e você me vê.

19 de março de 2023

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