217 | questões de chiclete

mari
2 min readApr 9, 2023

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O que é que tenho feito da vida? Será que eu ousaria fazer algo dela? Não cabe a mim, cabe? É ela que me faz, não? A cada passo uma nova pergunta não respondida, não saberia nem como começar e muito menos por onde. A mochila se enche de dúvidas, mas continua nas costas. Nela também tem água, lanches e fone de ouvido porque né, sem música não dá, mas não tem como negar que o maior peso dela vem de todas elas, as dúvidas.

É estranho crescer e me deparar com as mesmas questões que me preenchiam quando criança, só que agora elas tem outra cor, desbotadas pelo tempo e machucadas com a experiência. Será que a vida é se perguntar as mesmas perguntas pro resto da vida?

Se for então o que que eu estou fazendo? Era para eu estar fazendo outra coisa? Onde foi que eu saí do caminho? Eu saí? Eu um dia estive? O que que eu quero que esteja lá na frente e como diabos que eu faço para chegar lá? Quem é que sou eu afinal de contas? É para eu saber? Quem que eu quero ser? Eu consigo? Será que eu consigo? Não, não tem como, eu não consigo, consigo? Se eu quiser eu sei que eu consigo, mas o que é que eu quero? Eu quero tanta coisa, é ruim eu querer tanta coisa? Ou será que é bom? É isso né, é bom… Né? O que que eu estou fazendo?

Num dia tudo faz sentido e no outro nada faz e tem sido assim desde que eu me lembre por gente. Expressão engraçada essa… Desde que eu me lembre por gente. Sempre questionei tudo e aceitei que o questionamento faz parte de quem eu sou, nunca terei as respostas, então só continuo indo carregando todas elas comigo como papel de chiclete com desenho bonito. Todas elas no fundo da mochila. Às vezes quando vou pegar um pouco de água algumas caem no chão e eu me lembro delas, me abaixo, leio e ali permaneço, agachada por sei lá quanto tempo contemplando essa velha memória que ainda me faz pensar. Viro o papel ao contrário, mas não, não tem resposta, nunca tem e mesmo assim toda vez eu insisto em procurar.

9 de abril de 2023

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