248 | simples assim

aérea
1 min readMay 12, 2023

Nem te conheço, mulher. Como é que pode a gente estar aqui despejando a alma uma para a outra sem nem se conhecer direito? Foram o que, três, quatro encontros no total? Todos eles com escorrimentos de alma. Tem gente que é assim, né, só encaixa. E quando encaixa parece que a gente já se conhece há vidas inteiras sendo que mal acabei de descobrir seu nome.

A intimidade que nasce de quem se interessa pelo contato não precisa muita coisa, ao que tudo indica. Não precisa de tempo nem de contexto e às vezes nem de vontade, só precisa de oportunidade. Você não é a única, é só a que eu encontrei hoje e acabou por se tornar palavra escrita no silêncio de um quarto iluminado em vermelho. Você não é a única das pessoas que surgiram na minha vida já dentro da minha casa, deitadas na minha cama, das que não precisaram combinar data e nem hora para chegar e muito menos tocaram o interfone, quem dirá a campainha. Não, nada disso é necessário quando os olhos enxergam fundo, eles veem através de tudo e logo de cara já é óbvio: não adianta colocar barreira aqui.

Te conheci já deitada na minha cama e do teu lado dormi.

10 de maio de 2023

--

--