249 | mais um blablablá resmunguento com final motivacional.

mari
3 min readMay 12, 2023

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E duzentos e quarenta e nove dias depois finalmente admito o que vem me assombrando nesses últimos meses: perdi o prazer na escrita. Perdi, perdi. Não tem mais sido bom e esse momento que antes era a parte mais esperada do meu dia agora é a que enrolo o máximo possível pra começar.

Era uma vez uma menina que achou bonita a ideia de viver cada dia em busca de uma magia que pudesse eternizar. Ela eternizou tanta coisa inútil nesse tempo todo que a magia talvez tenha ficado do lado de fora, talvez a magia não queira se eternizar. Ou talvez ela só esteja cansada e precisa de um estímulo além do senso de dever autoimposto.

É esse o problema, virou dever e sim, isso também já estava incluso na proposta, pelo que me lembro. Sempre soube que em algum momento ia perder a graça e a graça seria justamente ver até onde eu iria, e continuo indo meio que capengando e me perguntando se existe algo no final da trilha que valha a pena ou se só estou cansando os pés e sendo picada por mosquitos à toa.

Tempo é precioso demais e será que estou o ocupando da melhor forma aqui? Ele estaria sendo muito bem ocupado se eu estivesse me desafiando, disso eu tenho certeza, mas também não tenho tido a motivação e nem a disposição pra ficar inventando moda porque sim. Tenho feito movimentos na minha vida que me levam a outros lugares e o foco saiu daqui, e talvez essa seja minha forma de me manter presente e constante mesmo que não super engajada na parada, deixando a cadeira quentinha pra quando eu resolver voltar.

Ontem fiz minha primeira aula de retorno depois de anos na acrobacia aérea porque meu corpo precisa se movimentar e sempre funcionei muito melhor com o tipo de exercício que te exercita sem que o foco seja o exercício. Ontem também chegou o livro de sudoku que comprei porque sempre achei divertido e porque meu cérebro tem como meu corpo precisado urgentemente de exercício. Comecei vários e terminei só um, percebi que quando fica difícil começo a me distrair com outras coisas e desisto "temporariamente", seguindo para o próximo só pra "continuar treinando que depois quando eu voltar vai ficar mais fácil".

Do micro ao macro, minha persistência no que é difícil também precisa ser exercitada. Meu trabalho tem sofrido com minha incapacidade de manter o foco e escolhi parar de me frustrar com meu desempenho mixuruca e usar meu tempo cuidando de mim pra que eu consiga dar conta das coisas que eu quero e que são importantes pra mim.

A escrita é uma delas. Não tenho dado colocado muita energia aqui especialmente porque não tenho conseguido, mas estou orgulhosa de mim por continuar escrevendo mesmo que esteja difícil, mesmo que eu não esteja gostando do que tenho conseguido escrever, mesmo que sem vontade nenhuma. Talvez seja esse um exemplo do desprendimento que busco em outras áreas em que meu perfeccionismo ainda me impede de externalizar qualquer coisa que não esteja de acordo com meus padrões intangíveis. Nem tudo precisa ser perfeito, nem tudo precisa ser lindo e nem tudo precisa fazer sentido, às vezes é só sobre fazer o possível.

11 de maio de 2023

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