253 | a noite em que vênus ganhou da lua

mari
2 min readMay 17, 2023

--

Depois do que me parecem meses de bloqueio criativo —acho que posso chamar assim — foi só a cabeça começar a espiralar antes de dormir que as imagens começaram a chegar. Que foi? Você me perguntou com sobrancelhas de preocupação algumas vezes. Pensando muitos pensamentos, respondi algumas delas.

Quando todas as vozes começam a gritar ao mesmo tempo e a sala de reuniões da equipe que controla esse corpinho mais parece a feira no final de semana, minha cara realmente faz muitas caras que nem eu sei exatamente de quem são e muito menos de onde vieram. Penso muitos pensamentos enquanto me encolho. Acho que quero ficar perto.

Tá inquieta? Foi meu coração acelerado que me denunciou? O corpo não se move e a respiração artificialmente controlada não é o suficiente para disfarçar o esmurramento que acontece aqui dentro. O que foi? Não sei, tô pensando muitos pensamentos e acho que meu coração tá sentindo todos eles ao mesmo tempo.

Pouco a pouco as imagens começam a chegar e as frases começam a se formular e mal consigo acreditar: estou escrevendo de novo!!!! E dos bons, eu acho. O começo parecia promissor, veio até com cenário pronto. Vou escrever, falo e começo a procurar pelo celular perdido. Odeio escrever nele, mas tem vezes que é só assim que dá.

Bom, esse não é o texto que eu ia escrever ontem — porque hoje já é o dia seguinte — , e parece que o perdi [perdi]. Não me arrependo, afinal, ele foi trocado pelo contato e acho que esse é um dos motivos pelos quais não tenho querido estar aqui. Tenho andado carente, sabe? Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente. Tenho me sentido no auge da vulnerabilidade e ainda não me sinto segura na arte de guerrear sem armadura.

Os braços de afrodite me envolvem me lembram, nem tudo é campo de batalha.

15 de maio de 2023

--

--