267 | curte a sua lombra po, mó massa

mari
1 min readJun 2, 2023

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Me lembro dela no metrô dançando enquanto você descansava os olhos. Fone de ouvido estralando algo que ela ouvia com o corpo inteiro — no meio do metrô — pouco se importando — ou pelo menos pouco aparentando se importar — com quem quer que pudesse estar observando — eu, claramente.

Já aceitei que já sou a velha que reclama dos velhos tempos e assumindo esse traço aqui trago que é raro hoje em dia ver uma pessoa dentro de si, e olha que venho ativamente buscando por isso. Não sei se é exclusivamente coisa de agora ou se é agora que presto atenção, pode ser isso também, mas ver alguém fazer expressões faciais não porque conversa com alguém ou porque viu algo no celular, mas porque pensou em algo curioso, interessante, estranho, assustador… É uma coisa que se vê muito pouco.

Vejo pensamentos como estrelas cadentes que riscam o céu e são tão fáceis de perder, ou melhor, de deixar de ver quando acontecem. Pouco se espera e certas coisas só se pode presenciar estando presente na hora certa, sem saber quando é que vem e nem como, pronto, chegou. E antes que você entenda o que aconteceu já se foi. Quem viu, viu e quem não nunca vai ficar sabendo.

29 de maio de 2023

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