269 | eu sei

mari
3 min readJun 3, 2023

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Porque eu sei que se for pra mudar vai mudar e não tem nada nesse mundo que a gente possa fazer a respeito disso. Que a gente só quer voar e ver voar e tomara mesmo que dê pra voar junto pelo tempo que a gente quiser sem ninguém perder seu rumo, e se não der que a gente saiba se deixar ir na hora certa.

Eu sei onde entrei quando entrei e entrei porque me fez sentido, ainda faz. E apesar de todos os pesares não me arrependo de nada porque de certa forma foi tudo isso que nos trouxe aqui nesse momento nessa hora cansados de reviver a mesma história, outros nós de outros tempos ainda não tinham aprendido a amar sem atropelos e ainda agora não sei se aprendemos, torcemos.

Sei que não importa o que quer que venha, se choro, raiva, medo ou tristeza, o vazio que cresce no meio do peito ou às vezes na barriga e come tudo aquilo o que a boca não consegue engolir, é tudo bem-vindo e recebido de braços abertos que puxam pra perto, sempre pra perto, é tudo bem-vindo.

Intenso, né? Como sempre, com a gente não poderia ser diferente e ainda assim é tudo tão leve. Nunca quero prender, mas confesso é claro que quero que queira ficar mesmo enquanto eu mesma sonho em ir embora, espero que queira ficar e cansada de esperar aceito que o que tenho é o presente e me convenço de que tudo o que quero é o presente, afinal, o futuro não cabe em minhas mãos.

Tenho medo mesmo sabendo que outras vezes também já tive medo e isso não me impediu de ser quem causa dor. quem vai embora, quem diz que chega e nem quem morre por dentro. Também tenho o medo de não me ouvir quando começo a gritar, mas tenho certeza que me ouço quando à noite após muito choro sussurro.

Tenho medos que não vão embora e que vez ou outra precisam verter, sei que às vezes falo mais do que eu precisava e depois me sinto ridícula mesmo sabendo que nunca é ridículo se é o que em algum lugar a gente sente. Não precisa fazer sentido e não precisa concordar com a mente. Se relacionar é difícil e pessoas são complicadas, imagina se teria como ser diferente se na maior parte do tempo nem a gente se entende.

E quando eu digo que eu aguento já não é mais com a confiança de outro tempo, é com experiência. Não é nem que eu aguento porque já me sinto muito fraca, mas dou meu jeito, pode deixar, porque de um jeito ou de outro a gente sempre se machuca, não acho que tem muito que dê pra fazer a esse respeito. E aprendi que me machuco fácil e também que me machuco forte, que não consigo me defender daquilo que mexe por dentro e pode ter certeza que vou chorar, mas também escolho fazer o meu possível para amar de peito aberto e coração cheio, mesmo que a cada dia que passe morrendo cada vez mais de medo.

Como todo mundo um dia eu vou morrer e se for pra ser lembrada por alguma coisa que seja pela coragem e pela burrice de caminhar descalça.

31 de maio de 2023

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