289 | deito comigo

mari
1 min readJun 23, 2023

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Desprotegida, vulnerável, sozinha. Com falta de colo.

Já se passaram quatro dias, mas a criança em mim ainda chora apavorada e como minha mãe fazia quando eu era pequena e chorava me levo para o quarto. Me acalmo no escuro e no silêncio longe de quem eu possa incomodar, durmo logo para que ela possa voltar para a festa e quando acordo sozinha busco conforto no teto.

Me lembro da fitinha, a faixa macia de pano verde claro que envolvia o berço e sem a qual eu não conseguia dormir. Enrolava ela na barriga e só me acalmava dentro do seu abraço. Não uso mais berço, mas ainda me cerco de travesseiros e puxo por cima do corpo um braço quentinho a me envolver.

Dormir dá medo, sabe? Assim como viver, mas acordado a gente se cerca com outras formas de se proteger e finge dar certo.

É uma corda bamba, né? Entre ser pequena e ser grande, nunca uma sem a outra e é uma arte mesmo conseguir se equilibrar. Se ando segurando minha própria mão, me carregando nos ombros ou deixando que corra ao meu redor depende do que preciso de mim.

De quem é o abraço que você quer receber? Pergunta a psicóloga. Fico em silêncio por um tempo. Não sei, digo, acho que o meu!?

20 de junho de 2023

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