Você falou pra eu levar o quentinho pros sonhos e espero mesmo que eu o leve comigo ao adormecer, mas precisei fazer uma parada aqui antes, mesmo que já tenha mais uma vez passado de longe da hora de dormir.
Você escreveu!
A visão das novas palavras preenchendo a tela me enchem a barriga de gelo. Não faço a menor ideia do que elas falam. Isso nunca tinha acontecido antes.
Vez ou outra volto nos escritos que você foi gentil em tirar da gaveta e me conecto com algumas das tantas pessoas que já habitaram o corpo com o qual divido a cama, pessoas que, na sua maioria, não cheguei a conhecer. São cortinas que se abrem e me permitem enxergar passados dos quais não fiz parte e, do pouco que fiz, ver tudo o que há muito não é mais.
Mas o presente… O presente eu só sei daquilo que faço parte.
É diferente contar e escrever, mesmo que para a mesma pessoa.
Olho para as palavras que me aguardam na tela, prontas para me levarem em uma aventura num mundo que não é meu, mas que me convida a visitar. Nem comecei ainda e os olhos já estão cheios d'água. Não sei o que esperar. Não sei o que esperar e isso me inunda de vontade, curiosidade e, é claro, também um bom tanto de medo.
Que honra ser convidada a fazer um passeio pela sua experiência particular.
Subitamente entendo tantas camadas a mais do nosso relacionamento, afinal, você vive isso todos os dias desde praticamente o começo e é claro que eu ter sumido aquela vez fez diferença. Quão refrescante é viver a experiência estando desse lado.
Gosto de saber o que acontece, é claro, o que acontece daquele jeito que se conta. Fui lá, fiz isso, aconteceu aquilo, foi desse jeito. Legal, isso é importante também. Mas sabe… O que me interessa de verdade, o que faz meu coração bater mais forte é saber o que é que seus olhos viram naquilo que enxergaram.
Gosto de quando você me abre um portal para esse universo inteiro que existe aí por dentro. Gosto muito. Gosto mesmo. Mas sem pressa, que seja no seu tempo e do seu jeito, prometo tirar o sapato antes de entrar.
20 de agosto de 2023
