Intenso, né? Ô duplinha que gosta de conversar sobre tudo e especialmente sobre aquele tudo que mora lá no fundo bem fundo de nós. Nada é simples com a gente ao mesmo tempo que tudo é simples demais. A gente se afoga na gente mesmo enquanto mergulha nas profundezas do outro e nessa brincadeira nos resgatamos de tudo que nos assombra tanto que trancafiamos em nosso tártaro particular na tentativa de nunca mais ter que encontrar. Me mostra seus monstros vai, me mostra eles para que eu possa te mostrar o quão lindos eles podem ser. Sem querer, mas querendo muito, te mostro os meus entredentes que saem meio tímidos, meio rascantes, meio que pela metade, mas você aguarda pacientemente e vai puxando o fiozinho até que quando eu perceba pronto, saiu de mim o que precisava há muito tempo sair.
Terapêutico, né? É um processo atrás do outro que leva a outro que leva a outro que leva a outro e já faz quantos anos mesmo desde que nos encontramos? Ah é, poucos meses. Cada semana traz um obstáculo novo a ser superado e superamos no mínimo uns 3 cada. Já nem sei mais quem eu era na semana passada, rio lembrando do que me fez chorar e sofrer e o quão distante tudo isso é de mim agora, ao mesmo tempo que sei que amanhã talvez eu chore e sofra pela mesma coisa de jeitos diferentes porque a vida é cíclica mesmo no final das contas, faz parte.
Que coisa, né? Olha essas voltas doidas que a gente teve que dar para chegar aqui e todas as voltas doidas que demos desde que chegamos. Mais do que dar voltas, dançamos. A vida é engraçada mesmo e eu vou repetir isso mais várias vezes ainda enquanto eu viver. Me olho no espelho ao seu lado e estranho a familiaridade com a qual nos vejo, tão diferente da familiaridade com a qual me acostumei a olhar ao mesmo tempo que de certa forma também tão parecida. Me olho no espelho ao seu lado e me vejo nesse espaço que dia após dia tem se tornado também minha casa. Me olho no espelho ao seu lado e me vejo ao seu lado, simples assim.
9 de outubro de 2022
