Achei que esse ano seria sobre mim e meio que foi, mas foi em especial sobre pessoas, e mais em especial ainda sobre as pessoas que caminham ao meu lado. Nem sempre é fácil manter contato e nem sempre é fácil estar presente em tempos em que presença é demandada o tempo todo pra todo lado. Antes se estava com quem se estava, hoje se está com no mínimo 4 pessoas diferentes em conversas abertas a todo instante. No mínimo.
Aprendemos lá na física do fundamental que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, mas ninguém lembrou de nos ensinar que um mesmo corpo também não pode ocupar dois espaços, nem três, nem quatro. Ou a gente se divide ou vive o presente e não existe meio termo.
Tá todo mundo definhando, sabe? Olha ao redor… Ninguém tá bem. Ou é trabalho ou é a falta dele, ou são as pessoas com quem se relaciona, ou é a família, ou é a própria saúde mental, física e emocional indo tudo pro mesmo saco preto de plástico carregado pra longe pelo caminhão de lixo. Ninguém tá legal, sabe, e estar bem se tornou luxo.
Nem sempre a gente tá bem e às vezes isso faz parte, nem sempre a gente precisa estar bem também, às vezes faz parte ficar mal, é importante também ficar mal, mas calma lá, não, isso não é uma romantização da merda, é só a não negação da merda, às vezes ela tem algo a dizer.
Ninguém sabe o que tá fazendo e ainda assim a Terra continua girando dia após dia. O Sol dá lugar à Lua, que dá lugar ao Sol, que dá lugar à Lua, até que chegue a lua nova e ambos se unam no céu em noites escuras. Ninguém sabe o que tá fazendo, sabe, por que é que a gente se complica tanto?
É sobre ser feliz e também sobre ser triste, é sobre sentir o que tiver que sentir e buscar o que faz o olho brilhar. O tempo passa e não deixa nada pra ninguém, só deixa marca pra mostrar que passou e acho que deixa é como provocação pra gente parar de ficar olhando e reclamando e rasgar na pele do tempo a nossa própria marca com as nossas próprias unhas até fazer sangrar no tempo o nosso próprio sangue.
4 de setembro de 2023
