37 | boa noite

mari
2 min readOct 12, 2022

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Tô cansada. Meu olhos passam o dia inteiro querendo se fechar e meu corpo mostra os já conhecidos sinais de insatisfação. Tudo pesa. Tudo dói. A pele vai perdendo o brilho gradativamente e o cabelo desbota sem que eu perceba. Os dias estão cheios e que bom, mas não lembro quando foi o último dia que passei por mim. Escrevo no escuro porque meus dedos já conhecem o teclado e a música no fone tenta me carregar para longe. Piso no rabo do sono com o pé descalço e assisto enquanto ele se debate tentando se soltar. Tenho pena do bichinho, mas sei que no instante que eu afrouxar um pouco ele toma conta.

Dormi mal noite passada. Acordei com dor e, quando percebi que não ia conseguir dormir de novo, levantei, fiz um chá e li enquanto o bebia. Ajudou. Chá sempre me ajuda. Foi tranquilo, mas mais de duas horas se passaram comigo em claro e acordei de novo não muitas depois. Apesar dos apesares, foi agradável estar acordada sozinha no mundo às quatro da manhã. Olhei para o meu desconforto e entendi o que meu corpo estava me avisando. Me resolvi em partes. Olhei para a dor e me lembrei das outras vezes que essa mesma dor me doeu. Encontrei o padrão. Entendi, é sério. Agora já posso melhorar.

Escrevo no escuro porque a luz me dói, mas se eu der mole o escuro me leva embora e não sei se me devolve ainda hoje. Preciso dormir, mas ainda preciso escrever, não isso, mas também isso. Também… Palavra engraçada né? Simpática, redondinha. Arrumamos a casa hoje, mas quem toma conta dela são os mosquitos. Me cubro e derreto de calor, podia chover uma chuva daquelas, já faz tempo desde a última — eu acho.

Eu tinha coisas melhores pra falar hoje, mais importantes, mais interessantes, mas nesse momento só penso no quanto estou cansada. Cochilo e acordo a cada pouco com um gato caminhando por cima de mim, toda vez me assusto. Acho que o que eu tinha que fazer vai ter que ficar pra depois, tem dias que só da pra dormir mesmo.

11 de outubro de 2022

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