O que eu acho mais incrível nas amizades é a elasticidade. De vivermos dias inteiros todos os dias juntas vamos para passarmos dois anos sem trocar uma palavra, até que um dia cá estamos de novo como sempre estivemos. Por ter me mudado algumas vezes de cidade quando era criança me acostumei a morar longe dos meus amigos e passarmos muito tempo sem notícias uns dos outros e do nada avisar que tô chegando aí amanhã, quer fazer o que?
Numas dessas a gente se descobre completamente diferentes e já não temos mais nada em comum, mas ok, porque mais um tempo depois vamos voltar a ter os mesmos assuntos, mesmo que outros. Sempre tive um certo desapego em relação aos meus amigos, não no sentido de não sentir falta, mas de entender que faz parte a gente se desencontrar de vez em quando e tudo bem. Talvez às vezes seja um pouco desapegada demais quando desapareço por meses, mas como já vimos muitas vezes antes, também tenho uma relação estranha com o tempo e talvez eu não esteja sentindo saudade porque eu realmente não senti o tempo passar, para mim foi ontem que a gente se viu, não foi não?
Todas as minhas relações chegam em um momento decisivo em algum ponto onde preciso deixar clara a minha incapacidade de estar constantemente presente. Preciso do meu sumiço, por favor, é questão de saúde mental. Não sou a pessoa que está ali sempre e que vai para todos os lugares junto, não mesmo, mas sou a pessoa que larga tudo o que está fazendo quando recebe uma mensagem pedindo se pode desabafar. Minha atenção é plena e infelizmente é recurso limitado, precisei aprender a dosar muito bem onde e quando usar.
Nesses vai-e-vens nos reconhecemos tantas vezes e presenciamos mesmo que de longe tantas fases vividas. Quão incrível é o fato de termos entrado em nossas vidas tanto tempo atrás sendo pessoas completamente diferentes e agora estarmos aqui ainda, de novo, apesar e inclusive por conta de todas as mudanças que aconteceram no meio disso tudo.
11 de novembro de 2022
