É incrível o tanto que as pessoas ao nosso redor falam sobre nós. Não elas falando, no caso, mas o fato dessas exatas pessoas se relacionarem dessa exata forma com a forma que nós estamos sendo nesse exato momento. Qual é a parte de mim que interage com qual parte de você? Qual é a parte de você que vêm pra fora em resposta à parte de mim que vêm pra fora em resposta à parte de você que
Vejo padrões e vejo o por quê desses padrões. Se parar pra pensar, só poderia ser assim e só é assim porque é. Fosse de outro jeito em outro tempo com certeza não seria, pelo menos não assim. Me vejo em você e em você e em você e em você e depois vejo vocês todes em mim. Depois, antes, no agora tanto faz se agora é o que acontece tudo junto ao mesmo tempo.
De formas diferentes de lugares diferentes em momentos diferentes falamos a mesma coisa. De formas parecidas de lugares parecidos em momentos parecidos nos opomos em perspectiva. Os reflexos de mim que vejo nos olhos que me olham me dizem tudo aquilo que preciso ouvir, mas nem sempre enxergo. Os ouvidos que me escutam com olhar fresco me dão o abraço ou o soco bem dado e merecido que já precisava há muito tempo ter recebido.
O abraço que dou é o abraço que recebo. O que eu sou está em tudo que eu recebo. O que eu quero ver é aquilo que mais preciso mostrar, o que enxergo é aquilo que existe em algum lugar também em mim. Tudo sempre faz sentido, é só dar uns passos pra trás e olhar de longe os caminhos que levam a tudo que acontece, nada nunca vêm do nada, tudo sempre faz sentido.
A ponte entre lá e cá se estende infinita até o fim num enrosco de linha reta que se escolhe fazer curva. O vento gelado fresco da madrugada corta carro adentro e sacode minha alma esparramada de volta pro lugar. Respiro o lago evaporado e sorrio na noite vazia exatamente igual a todas as outras noites vazias feitas por e para mim, eu é que sou sempre outra. Que bom sair de casa. Que bom voltar pra casa. Que bom me ser casa e fazer casa onde estiver.
Ufa
