lá do alto vi azul
azul diferente do meu, diferente do céu
não desci, me derrubei
não sei se foi o cheiro de sal
ou o reflexo do sol
me vi lá embaixo como outro eu e gostei
superfície hipnotiza
profundeza puxa
correnteza leva
sem saber onde ia fui
abraçada pelo imenso
acolhida no eterno lar
entre golfinhos e sereias
baleias e tubarões
passarinho virou peixe e aprendeu a nadar
quanta água até o topo
mal lembro da sensação
de ver mais longe do que consigo tocar
depois de mergulhar o vento fresco vira frio
e espaço aberto vazio
pouco a pouco esqueço do nada que se enchia de mim
quente sinto falta do gelo
quando esfrio logo me aqueço
perdi as asas na espuma das ondas
que me trouxeram nadadeiras no lugar
soube assim que cheguei
amo aqui
e nunca mais quero sair
mas tudo é lento embaixo d’água
será que pássaro molhado consegue voar?
quero subir aos céus e num impulso
num segundo
mergulho