esse é o tipo de texto que você tem que ler continuamente sem parar mesmo que você não esteja entendendo nada
porque uma hora você vai entender, aí desse ponto você vai até o final e depois do final volta pro começo pra ver o começo sabendo do final
é a vontade de fazer logo alguma coisa que abrace tudo isso mas ao mesmo tempo não tem como porque só da pra fazer uma coisa de cada vez e pra fazer um tem que perder o todo
não no sentido de incompetência ou insuficiência, no sentido redutivo mesmo de ter que sintetizar e simplificar o que na verdade é muita coisa dentro de uma só coisa
eu sei e sinto tudo isso ao mesmo tempo mas ainda não sei como botar pra fora tudo em forma de bagunça sem se prender nem à linearidade nem à falta dela
é a comunicação que parece que sempre tem tanta coisa acontecendo a mais do que o que realmente acontecendo mas se só eu to sentindo desequilibra e vira nó
é o barquinho que cada lado tá remando numa velocidade diferente, tem que sincronizar de novo e às vezes o melhor jeito de sincronizar é jogar tudo pro alto e desistir da estrutura, é bagunçar de tal jeito que no final tudo acaba se realinhando sem esforço
é chutar o lego e ver que imagem as peças formam juntas cada uma na sua sem precisarem se encaixar
é o falar sem nem ter ideia de por onde acabou de passar nem o que vem depois da esquina, andar sem rumo, quando ver chegou em casa
e bem na hora da janta
quero fazer um pouco de tudo porque uma coisa só não vira tudo isso que eu sei que tem aqui dentro nem tudo o que tem lá fora
é o dentro e o fora ao mesmo tempo porque não tem parede nenhuma no meio, não tem meio, nem borda, nem lado nem frente tudo é o que tudo foi e tudo vai ser porque uma coisa não pode ser só
é o tudo acontecendo ao mesmo tempo e sendo assimilado ao mesmo tempo da mesma forma só que separado
às vezes tem que parar e voltar, ler duas vezes, três, quinze. tem que ler e parar e diminuir e aumentar a velocidade no meio da frase pra voltar lá pro começo lembrando do final
se nenhuma estrutura consegue se encaixar nisso tudo aqui eu to largando todas elas e tacando lego pra todo lado,
acho que pra trazer quem quiser vir pra cá muito melhor do que voltar é ficar falando pra seguir a minha voz, quem sabe até vem por outro caminho, mas me encontra no final
não tem começo de frase nem fim nem vírgula nem ponto, é tudo uma exclamação e interrogação os dois ao mesmo tempo mas ao mesmo tempo um de cada
cabe tudo dentro de tudo, é só querer se dar ao trabalho de chupar a manga e não sair dali, não pensar no próximo nem no antes mas só pra dentro, pra dentro e pra fora
sinto que desbloqueei uns porcentos do meu cérebro e quanto mais espaço mais bagunça cabe lá dentro
eu sou assim, tipo aquele bicho dos animais fantásticos que ocupa o tamanho do lugar que tá dentro
tipo isso
sempre que uma ideia minha tem que ser simplificada ela se perde, sempre aprendi mais fácil vendo o todo mesmo que eu não entenda as partes porque eu vou entendendo as partes aos poucos vendo o todo
é continuar indo e entender pelo contexto porque do contexto você pega a referência e quanto mais referência mais completo fica o detalhe
detalhe nada mais é do que uma grande coisa
e quanto maior a coisa mais ela é só um detalhe