eu sei que eu falo muito, eu sei disso. tenho plena noção da minha enorme capacidade de discorrer sobre todo e qualquer assunto sem parar pra respirar nem pra pensar em outro assunto porque um emenda no outro e se ninguém me parar eu continuo assim pra todo o sempre …

Quero mudar sair daqui, de mim, de tudo não por estar ruim mas porque pode melhorar Quero ver o sol nascer diferente e se pôr como sempre Quero sentir o vento forte entre os cabelos que chega e me leva embora Quero sentir o ar fresco nas bochechas e a chuva que vem pra encharcar quero ir embora daqui e eu quero ir agora Quero mudar quero muito mudar não quer dizer que esteja ruim mas sempre pode melhorar

me sinto explodindo gerúndio presente explodindo em câmera lenta soltando fagulhas partindo-me em mil pedaço a pedaço desprendo de mim, do resto, do todo eternamente presa entre conter e estourar junto tudo e adenso explodo explodo e me espalho junto tempo parado caindo do abismo nem cá nem lá no meio sempre no meio

às vezes me sinto desabando nem sempre constantemente oscilando entre cair e flutuar se der sorte vôo no momento pairo sentindo o vento que passa por entre eu e o mundo pensando sobre nada vejo problemas em miniatura eles crescem tão rápido podiam ficar pequenos pra sempre acho que é porque sou eu que preciso crescer

tentei me fazer como queria descobri que me crio todo dia pego partes do que amo e absorvo tentei dizer quem eu seria descobri que nunca sei só vou saber fazendo cá vou indo me criando e me sabendo sendo nada mais nada menos do que puramente eu

transbordo em nós e pontas soltas em fiapos que se trançam e se enrolam e desfiam transbordo pelos poros pelos olhos pelos dedos pelos meios dos caminhos que não sabem pra onde vão transbordo pela orelha pelos braços pelo abraço precisado pelos anos sufocados entre paredes teto e chão transbordo por nós com nós em nós de nós inspiro expiro sou feliz de estar aqui

esse é o tipo de texto que você tem que ler continuamente sem parar mesmo que você não esteja entendendo nada porque uma hora você vai entender, aí desse ponto você vai até o final e depois do final volta pro começo pra ver o começo sabendo do final é…

às vezes me surpreendo com a minha capacidade de sumir do nada, sem aviso, sem problema quando percebo se passou uma semana e nem senti nunca fui de interagir de puxar assunto e sorrir falo até demais, mas só quero falar com você talvez você também e só gosto da…

Aprendi a gostar de castanhas com minha mãe, eu acho. Castanhas, sementes, chá de boldo. Meu amigo dizia que era comida de passarinho. Talvez eu seja como um passarinho mesmo. Como devagar também. De vez em quando, absurdamente devagar. Isso eu não aprendi com a minha mãe. Ela comia 5 frutas no tempo do meu primeiro pedaço. Quantas sensações cabem numa mordida? Quantos gostos tem a uva? Quantas texturas num gole de chá?

olho ao redor no escuro e não vejo nada mas sei dos fantasmas que não me deixam dormir sinto tanto por pouco que pro muito não sobra mas isso nada importa quando de pouco em pouco me acabo

sinto tanto de tudo por pouco que ódio choro tanto por nada a toa vergonha coisa besta isso tudo e só eu desgastada

queria ter feito tanta coisa que ainda não fiz e te dito tudo aquilo que você não diz, mas não sei como sigo perdida entre quase espaços e quase idas, volto pra trás a cada passo, olho pros lados e fico, mesmo quando já posso ir vejo de fora tudo que sou sem saber se me enxergo me ouço falar todo o tanto que falo e só ouço silêncio peço tanta compreensão quando nem eu me entendo

te vejo diferente e engraçado a mim também eu olho pra você você olha pra mim e o que resta caem entre nós apenas arestas

queria te ver hoje como me acostumei a te ver. um pouco deu. um pouco não. queria me ver pelos teus olhos de manhã, mas acordo mais tarde e não te vejo me ver queria saber como eu me sinto sem ter que me sentir queria voar bem alto só pra me deixar cair queria te arrancar de mim como arranco uma palavra queria tanta coisa que talvez não queira nada

Meu canto, meu quarto, meu refúgio todo azul como o céu, como o mar, imenso meu mundo inteiro entre quatro paredes que me envolve, protege e abafa o silêncio tranquilo das ondas adormece sonha tanto que não acorda mais grito não sai, socorro não chega vontade se esvai se me deixar aqui fico para sempre boiando inerte me perdendo na imensidão do mundo do quarto de mim

pedaço de partícula de vento, voo quando não voo, levito, pairo, existo eu e tudo ao meu redor somos essência líquida, gasosa, gosmenta habita dentro de um corpinho pequeno como tantos outros por aí comprimir universo dá nisso migalhas de caos querendo sair tudo ao meu redor e eu cada parte de mundo é mundo por si só todo um mundo inteiro dentro de mim eu e tudo ao meu redor somos

lá do alto vi azul azul diferente do meu, diferente do céu não desci, me derrubei não sei se foi o cheiro de sal ou o reflexo do sol me vi lá embaixo como outro eu e gostei superfície hipnotiza profundeza puxa correnteza leva sem saber onde ia fui abraçada pelo…

coisa engraçada que é a vida aglomerado de tempo comprimido que às vezes faz sentido bom mesmo é quando não consigo entender

hoje pensei pensei tanto que pensei sobre o tanto que pensei que será? talvez mas e se não sei pensei querer gritar tentei pensei querer e sei lá só penso que penso que prendo no meio de dentro sem fim nem começo que gira e gira e já fi quei ton ta de tan to pen sar